Gregos em Portugal: "Quem ganhar já tem o programa feito, tem de seguir o terceiro resgate"
George Daskaloulis, Zacharoula Sidiropoulou e Filippos Gavriilidis são três gregos que fizeram de Portugal a sua casa, mas que continuam a seguir atentamente a crise que se vive no seu país natal, a quase três mil quilómetros de distância. Dizem que os últimos meses, desde as eleições de janeiro, foram um desastre para a Grécia e mostram-se preocupados com o facto de tudo apontar para um vencedor sem maioria nas legislativas de hoje.
"Falei com a minha irmã esta semana, que me contou que as pessoas ainda não sabem em quem vão votar", explica Filippos Gavriilidis, que está em Portugal há oito anos e é proprietário do único restaurante de comida grega em Lisboa. "Eu vou à Grécia, mas só na terça-feira, depois das eleições. Ainda pensei em ir votar, mas não saberia em quem. Faço parte daqueles 10% de indecisos, só iria decidir no momento", acrescenta.
Já Zacharoula Sidiropoulou garante não ter dúvidas do que quer para o seu país. "Não vejo alternativas ao Syriza", afirma a cirurgiã, que vive em Portugal desde 2002.
As sondagens publicadas nas últimas semanas têm variado entre uma curta vantagem para o Syriza e um empate técnico entre o partido de Alexis Tsipras e a Nova Democracia de Vangelis Meimarakis. Tornando o cenário de uma coligação como o único possível de forma a evitar uma nova ida às urnas, que seria a quarta deste ano, depois das legislativas antecipadas de janeiro e das de hoje, e do referendo de 5 de julho. "A política grega precisa de um entendimento entre os dois maiores partidos para garantir a estabilidade", garante George Daskaloulis, um profissional da gestão de navios que vive em Portugal desde 2009.
"O grande problema é que quem ganhar não terá uma maioria. O Meimarakis, da Nova Democracia, já disse que, se ganhar, o primeiro partido com quem irá falar é o Syriza. Mas o Tsipras tem dito que não quer ter nada com a velha política, ou seja, a Nova Democracia e o PASOK. Mas pode ser que depois das eleições se entendam. Era bom para a Grécia haver um governo com uma grande coligação, para que houvesse um programa, um projeto, a quatro anos", defende, por seu turno, Gavriilidis.